terça-feira, agosto 14, 2007

Soneto do Desmantelo Azul


"Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul."
(Carlos Pena Filho)
Foto retirada da Biblioteca Virtual de Gilberto Freyre: Da esquerda para direita: Carlos Pena Filho, Sylvio Rabello, Gilberto Freyre, Paulo Rangel Moreira e Murilo Costa Rego.

Nenhum comentário: