terça-feira, setembro 21, 2010

Poeminho do Contra


"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!"
(Mário Quintana)

Canção na plenitude

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.
(Lya Luft)

"Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.

Convite


"Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério".
(Lya Luft)

Em entrevista a Paulo Eduardo de Vasconcellos, na revista "Veredas", ao ser perguntada sobre o que é seu novo livro, respondeu: "Não sei. Começo exatamente perguntando que livro é este. Não é um ensaio porque não sou acadêmica. Não é ficção porque não é inventado. É o resultado de idéias que vão surgindo, de novas linguagens, novas coisas a serem ditas, mas ainda sem nome. Não sei o que é. É pensamento talvez, não sei explicar. A semente foi uma vontade de escrever sobre a maturidade. Vivemos numa sociedade que por um lado tem coisas dramáticas e trágicas, e por outro está imbuída de uma futilidade angustiante. Não só das mulheres na busca da eterna juventude — algo pobre, triste. As pessoas passam a não saborear os 40 anos, os 60, têm pavor dos 70, aos 80 já gostariam de ter morrido. São como um carro rodando com os faróis voltados para trás."

Extraído do livro "Perdas & Ganhos", Editora Record - Rio de Janeiro, 2003, pág. 12.
Fonte: Releituras

A sordidez humana

Ando refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é desproporcionalmente grande para tal anjo.

Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?

O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça de qualquer um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral? Quem é essa criatura em nós que não tem partido nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos comentários como: “Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube que ele continua muito galinha”. Ou: “Ela conseguiu um bom emprego, deve estar saindo com o chefe ou um assessor dele”. Mais ainda: “O filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que…”. Outras pérolas: “Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta lipo…”.

Detestamos o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou requentar calúnias que já estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem, ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira.

Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita. Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres, lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer “Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que…”, e aí se lança o malcheiroso petardo.

Isso vai bem mais longe do que calúnias e maledicências. Reside e se manifesta explicitamente no assassino que se imola para matar dezenas de inocentes num templo, incluindo entre as vítimas mulheres e crianças… e se dirá que é por idealismo, pela fé, porque seu Deus quis assim, porque terá em compensação o paraíso para si e seus descendentes. É o que acontece tanto no ladrão de tênis quanto no violador de meninas, e no rapaz drogado (ou não) que, para roubar 20 reais ou um celular, mata uma jovem grávida ou um estudante mal saído da adolescência, liquida a pauladas um casal de velhinhos, invade casas e extermina famílias inteiras que dormem.

A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso. Ninguém me diga que o criminoso agiu apenas movido pelas circunstâncias, de resto é uma boa pessoa. Ninguém me diga que o caluniador é um bom pai, um filho amoroso, um profissional honesto, e apenas exala seu mortal veneno porque busca a verdade. Ninguém me diga que somos bonzinhos, e só por acaso lançamos o tiro fatal, feito de aço ou expresso em palavras. Ele nasce desse traço de perversão e sordidez que anima o porco, violento ou covarde, e faz chorar o anjo dentro de nós.

Lya Luft

Revista Veja, 17 de maio,2009

Pomea Concreto

Ferreira Gullar

Em Alguma Parte Alguma

Ferreira Gullar

O Tempo Cósmico

Ferreira Gullar

segunda-feira, setembro 20, 2010

Traduzir-se



















"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?"
(Ferreira Gullar)

foto de Eder Chiodetto

Cirurgia videolaparoscópica

Passei por uma Cirurgia videolaparoscópica - na semana passada, para a retirada da vesícula, tinha 33 pedras, quase caí para tras qdo vi o potinho cheio de calculos que o médico guardou...
Logo agora que estava retomando o meu blog...
Depois deste turbilhão, me sinto ótima, bem melhor, mas assim que estiver 100% - volto! Agora é caminha e alimentação balanceada, qse sem gordura e ou codimentos.
'A remoção da vesícula biliar é uma das cirurgias mais praticadas , e a maioria já é realizada por via laparoscópica . O termo médico para este procedimento é colecistectomia videolaparoscópica.
Ao invés de incisões de 20 a 30 cm de extensão , a operação é realizada através de quatro pequenos orifícios de 0,5 cm no abdomen.
A dor pós-operatória é muito menor que a da cirurgia convencional.
Geralmente o paciente fica um dia internado no hospital e retorna às atividades normais em 10 a 15 dias' (no meu caso fiquei qse 3 dias no hospital).
(Fonte: Cirurgia para pedra na Vesícula Biliar )

Não Sei Dançar


Uma musiquinha que mora lá no baú do tempo, das lembranças é a Não sei dançar - da Marina Lima, composição de Alvin L. Como estou de 'molho' estes dias, estava assistindo a TV ontem, qdo uma pessoa disse o refrão desta música, foi só o tempo para correr e colocar o cd pra ouvir...

"Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões...
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar
Ou outra coisa prá lembrar...
Às vezes eu quero demais
E eu nunca sei
Se eu mereço
Os quartos escuros
Pulsam!
E pedem por nós...
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista pro mar
Ou outra coisa prá lembrar
Se você quiser
Eu posso tentar
Massss!...
Eu não sei dançar
Tão devagar
Prá te acompanhar...(final 3x)
Eu não sei dançar
Tão devagar
Prá te acompanhar
Prá te acompanhar..."
(Repetir a letra)

domingo, setembro 12, 2010

Florestas


“Numa árvore já tem muita vida.
Imagine numa floresta.”


“There is a lot of life in a tree.
Imagine in a forest.”


Ilustração desenvolvida pela agência DM9DDB Brasil para a campanha WWF sobre desmatamento.

sábado, setembro 11, 2010

Livros de Vinicius de Moraes estão disponíveis na Internet


A Biblioteca Brasiliana USP disponibilizou o acervo completo de poemas de Vinicius de Moraes. Ao todo, 15 livros do poeta estão disponíveis para leitura e acesso gratuitos pela Internet.

Toda a poesia de Vinicius de Moraes reúne os livros doados ao projeto pelo bibliófilo José Mindlin. A publicação para livre acesso pela Internet só foi possível depois de autorização da VM Empreendimentos Artísticos e Culturais, que detém os direitos sobre a obra do autor.

Pela Lei de Direitos Autorais em vigor na época do falecimento de Vinicius de Moraes, esses poemas só entrariam em domínio público 60 anos após sua morte, ou depois da morte do último herdeiro direto, ou seja, apenas em 2040.

Para acessar e baixar os livros, basta acessar a página http://www.brasiliana.usp.br/

Entre os livros que compõem a coleção destacam-se O caminho para a distância (1933), o primeiro livro publicado; a primeira edição de Orfeu da Conceição (1956), peça em três atos premiada no Concurso de Teatro do IV Centenário de São Paulo; e Livro de sonetos (1957), uma das mais populares publicações do poeta.

Imagem: Toquinho e Vinícius.

São Francisco

"Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo a água
Do ribeirinho.

Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom-dia, amigo
Dizendo ao fogo
Saúde, irmão.

Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo
Jesuscristinho
Fazendo festa
No menininho
Contando histórias
Pros passarinhos".


Vinícius de Moraes
in Poesia completa e prosa: "Poemas infantis"
in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"

O elefantinho


"Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim tão desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho
Que sentes, pobre coitado?

– Estou com um medo danado
Encontrei um passarinho!"


Vinícius de Moraes,
in Poesia completa e prosa: "Poemas infantis"

A ausente


Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...
(Vinícius de Moraes)
in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "Nossa Senhora de Los Angeles"

sexta-feira, setembro 10, 2010

A felicidade


"Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor".
(Vinicius de Moraes)

Soneto da Separação


"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente".

(Vinicius de Moraes)

O Que Será


O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...

O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...

Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...(2x)

Lá lá lá lá lá……..

(Chico Buarque)

Ipatinga - MG




Construção do Bairro Cariru, anos 60

"São uns versinhos que eu fiz para um livro de memórias infantis em que eu me referia a pessoas da minha família e pessoas das relações, de pessoas que constituíam o mundo de Itabira, pequeno mundo de Itabira. E este é referente a minha irmã, Maria das Dores, a minha irmã caçula, que era o “ai-Jesus” da família. Meus pais tinham por ela um encantamento especial. Era uma garota muito bonita, como foi também uma moça muito bonita, já morreu. O poeminha é o seguinte:

Era um brinquedo Maria
Era uma história Maria
Era uma nuvem Maria
Era uma graça Maria
Era um bocado Maria
Era um mar de amor Maria
Era uma vez, era um dia, Maria
"

(por Carlos Drummond de Andrade)

Foto: Imagem do Paredão da Rua Tiradentes. Acervo do Museu de Itabira.

Murmúrio

"Traze-me um pouco das sombras serenas Que as nuvens transportam por cima do dia! Um pouco de sombra apenas, - Vê que nem te peço alegria. Traze-me um pouco da alvura dos luares. Que a noite sustenta no seu coração! A alvura apenas dos ares - Vê que nem te peço ilusão. Traze-me um pouco da tua lembrança, Aroma perdido, saudade da flor! - Vê que nem te digo - esperança! - Vê que nem sequer sonho - amor!" (Cecilia Meireles)

Poesia da Ansiedade


Quando eu não pensava em Ti, Os meus pés corriam ligeiros pela relva, E os meus olhos erravam, Distraídos e felizes, Pela paisagem toda... Quando eu não pensava em Ti, As minhas noites eram Como o sono do céu, cheio de luar... Quando eu não pensava em Ti, A minha alma era simples e quieta, A minha alma uma ave mansa, De olhos fechados Na alta imobilidade de um ramo, Quando eu não pensava em Ti... E agora, Ó eleito O meu passo demora Esperando pelos meus olhos Que procuram a tua sombra... As minhas noites são longas, morosas, tão tristes, Põe-se te buscar. E eu, sem ele, fico mais só... Perderam-se os meus olhos Entre as estrelas Entre as estrelas se perderam as minhas mãos Nesta ansiedade de te abraçarem... Ó eleito, ó eleito! Por que, Desde o chão do meu corpo Até o céu da minha alma Sou uma fumaça de perfume Subindo ao teu louvor? Quando eu não pensava em Ti, Os meus olhos erravam, distraídos e felizes, Pela paisagem toda... (Cecilia Meireles)

Reinvenção

















"A vida só é possível reinventada. Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas... Ah! tudo bolhas que vem de fundas piscinas de ilusionismo... — mais nada. Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços. Projeto-me por espaços cheios da tua Figura. Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura. Não te encontro, não te alcanço... Só — no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva. Só — na treva, fico: recebida e dada. Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada". (Cecília Meireles)

Canção do Amor-Perfeito













"O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a saudade, seca as lembranças e as lágrimas. Deixa algum retrato, apenas, vagando seco e vazio como estas conchas das praias. O tempo seca o desejo e suas velhas batalhas. Seca o frágil arabesco, vestígio do musgo humano, na densa turfa mortuária. Esperarei pelo tempo com suas conquistas áridas. Esperarei que te seque, não na terra, Amor-Perfeito, num tempo depois das almas". (Cecilia Meireles)

“Canção Para Uma Valsa Lenta”


"Minha vida não foi um romance…
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amar, não digas, que morro
De surpresa… de encanto… de medo…
Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.
Minha vida não foi um romance…
Pobre vida… passou sem enredo…
Glória a ti que me enches de vida
De surpresa, de encanto, de medo!
Minha vida não foi um romance…
Ai de mim… Já se ia acabar!"
(Mário Quintana)

Don Suelda

'O Resgate'

Vou postar dois 'resgates' de animais que fiz, quem me conhece sabe muito bem que viro o 'bicho' rs, se vejo algum animalzinho sofrendo...
A coruja presa no ninho de um passarinho - na igreja do meu bairro,
em Minas Gerais
Já estava bem debilitada, com sede, fome e sono...
depois de um dia de descanso, voltou ao seu ambiente.

cheguei em uma comunidade na Amazônia e o caçador junto do filho vinha trazendo um gavião, ele atirou na ave de raspão, virei o 'bicho' e peguei a ave e a levei embora comigo...

... ainda estava assustado,
hoje, recuperou e voltou para a floresta...

Bebel


"Pra que tentar mais uma vez,
Pra que lembrar aquela vez
O que você Bebel me fez,
Como esquecer aquela vez,
Bebel, Bebel
Bebel você é muito mais do que,
Eu já sonhei e até,
Até pensei me apaixonar
Porque você, sorrindo,
É muito mais que lin...do
Mas é bonita mesmo,
É uma beleza,
Força da natureza
Bebel encostada no muro,
Sonhando no escuro,
À luz do luar
Bebel esta coisa mais louca,
Esse beijo na boca,
Que eu vou te dar
Você vai sonhar,
Vai se apaixonar,
Você vai chorar
Não chora Bel,
Não chora Bebel,
Não chora, não chora,
Não chora, não Bebel, Bebel
Mas é bonita mesmo,
É uma beleza,
Força da natureza
Bebel de cabelo molhado,
Escorrido lavado,
Nessas ondas de um mar de sul
Bebel que se volta de lado,
E me encara com olhos,
De inesperado azul
Você vai sonhar,
Vai se apaixonar,
Você vai chorar
Não chora José, não chora Zé,
Não chora, não chora,
Não chora, Bebel... "



de Tom Jobim

Amazônia

Cachoeira de Sto Antônio
próximo a cachoeira

paredão em plena floresta

detalhe do paredão

Estação Ecológia do Jari

O Rio Jari faz seu caminho em meio a Amazônia

o cair de tarde no Rio Jari, entre os estados do Pará e Amapá, na Amazônia Legal.
(Imagens: Isabela Lage)