sexta-feira, setembro 10, 2010

Poesia da Ansiedade


Quando eu não pensava em Ti, Os meus pés corriam ligeiros pela relva, E os meus olhos erravam, Distraídos e felizes, Pela paisagem toda... Quando eu não pensava em Ti, As minhas noites eram Como o sono do céu, cheio de luar... Quando eu não pensava em Ti, A minha alma era simples e quieta, A minha alma uma ave mansa, De olhos fechados Na alta imobilidade de um ramo, Quando eu não pensava em Ti... E agora, Ó eleito O meu passo demora Esperando pelos meus olhos Que procuram a tua sombra... As minhas noites são longas, morosas, tão tristes, Põe-se te buscar. E eu, sem ele, fico mais só... Perderam-se os meus olhos Entre as estrelas Entre as estrelas se perderam as minhas mãos Nesta ansiedade de te abraçarem... Ó eleito, ó eleito! Por que, Desde o chão do meu corpo Até o céu da minha alma Sou uma fumaça de perfume Subindo ao teu louvor? Quando eu não pensava em Ti, Os meus olhos erravam, distraídos e felizes, Pela paisagem toda... (Cecilia Meireles)

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