sábado, junho 30, 2007


Ah quanta melancolia!
Quanta, quanta solidão!
Aquela alma, que vazia,
Que sinto inútil e fria
Dentro do meu coração!

Que angústia desesperada!
Que mágoa que sabe a fim!
Se a nau foi abandonada,
E o cego caiu na estrada -
Deixai-os, que é tudo assim.

Sem sossego, sem sossego,
Nenhum momento de meu
Onde for que a alma emprego -
Na estrada morreu o cego
A nau desapareceu.
(Fernando Pessoa, 3-9-1924).

Belo Horizonte - Década30 - Terreno da Praça Sete em 1930, preparado para o início das obras do Cine Theatro Brasil.

Nenhum comentário: